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OMS RECONHECE BURNOUT - A SÍNDROME FOI INCLUÍDA NA CID-11 COMO FENÔMENO OCUPACIONAL

16.julho.2019 - 17:03

A Síndrome de Burnout foi incluída pela Organização Mundial da Saúde na 11ª versão da Classificação Internacional de Doenças como fenômeno ocupacional. Também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, o burnout é definido na CID-11 como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso, caracterizando-se em três dimensões: sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia; aumento do distanciamento mental do próprio trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho; e redução de eficácia profissional.

Doutor em Psicologia, atuante nas áreas de psicologia, saúde e psicodinâmica do trabalho, Roberto Heloani percebe a atualização como importante avanço. Porém, pontua que o assunto não é novo, sendo que a criação do termo e o início das pesquisas ocorreram em 1974 com o psicanalista americano Freudenberger. “A Síndrome de Burnout era muito comum em cuidadores, médicos, enfermeiros, basicamente em profissionais da área da saúde, e também em professores, especialmente dos ensinos fundamental e médio. Mas hoje, com a mudança no mundo do trabalho, já vemos outros profissionais com sintomas agudos”, observa. Uma das principais causas, segundo Heloani, é a organização do trabalho e a intensificação das demandas. “O principal problema é que fica cada vez mais difícil sabermos onde acaba o nosso espaço laboral e onde começa o nosso espaço privado”, avalia.

CENÁRIO NACIONAL

No Brasil também não é de hoje que a síndrome é discutida, visto que o burnout já constava na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho do Ministério da Saúde, instituída pela Portaria nº 1.339, em 1999. De acordo com o médico do Trabalho René Mendes, a síndrome se encontra na categoria ‘Z – Fatores que influenciam o estado de saúde: (...) riscos potenciais à saúde relacionados com circunstâncias socioeconômicas e psicossociais’ do CID-10, vinculada com o ritmo de trabalho penoso e outras dificuldades físicas e mentais laborais.

Investigando a presença e intensificação do burnout no ambiente laboral, a ISMA-BR realizou pesquisa com mil profissionais das áreas da educação, saúde e finanças no ano passado. Dos respondentes, 72% demonstrou possuir alguma sequela de estresse e, destes, 32% sofrem com a síndrome do esgotamento profissional, segundo afirma Ana Maria Rossi, presidente da entidade no Brasil. Ela revela também que os profissionais com burnout tendem a trabalhar em média cinco horas a menos do que seus colegas. Em sua grande maioria (92%), eles se sentem incapacitados para trabalhar, mas permanecem por receio de perder o emprego. Destes, 90% praticam o presenteísmo e 49% têm depressão. A psicóloga comenta que esse é um dos motivos da depressão ser tão confundida com burnout, também porque o tratamento da síndrome, via de regra, utiliza antidepressivos como medicamento. “Em termos de sintomas, verifica-se o cansaço excessivo, a exaustão, que não passa com férias ou com folga; dores frequentes, inclusive musculares e de cabeça; alterações no apetite; anomalias do sono; além de dificuldades de concentração e irritação”, cita.

CONTEXTO

Quanto às medidas voltadas à prevenção, Heloani destaca que o primeiro passo é entender o contexto no qual o trabalho é desenvolvido e a relação de cada trabalhador com esse contexto, buscando compreender o processo de adoecimento no trabalho. Um dos diferenciais que pode explicar porque, de dois trabalhadores expostos às mesmas condições laborais, um pode desenvolver o burnout e o outro não, segundo Ana Maria, está uma infraestrutura emocional forte no âmbito profissional. Afirmando que o esforço é conjunto, ela explica que as empresas precisam respeitar os limites de seus funcionários, criando inclusive soluções primárias, e que os trabalhadores devem criar alternativas para compensar as demandas e pressões no trabalho, como hobbies, trabalhos voluntários, estilo de vida saudável e cultivo de relacionamentos com amigos e familiares.

Fonte: Redação Revista Proteção

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